A arte não existe
Senão na presença criadora
Do seu ser : a
paixão.
Sem “pathos” trágico ou cômico
Não se vislumbra arte.
A arte está no horizonte do “pathos”:
Ela leva o passional.
Os filhos de Hélade
Saboreavam três “pathos” principais:
O Eros, o Filos e o Ágape.
A obra de arte,bem como a filosofia,
Envolve esses três “pathos”
Em um momento e em um ser apaixonado.
A ciência, enquanto instituição oficial
Dos governos e dos marchants,
Não está sob a ação
de qualquer “pathos”:
É apenas uma prática e tentativa frustrante e vã de “práxis”
Da arte e filosofia.
Isso sucede porque a arte e a filosofia
Tem em sua existência
O fundamento de um ser humano vivo,
Enquanto a ciência e o direito,
Uma ciência de mandamentos,
Não está na vida
Enquanto partícipe da vida,
Mas apenas na existência da tensão
Que a forma feito um diagrama
De uma corrente elétrica
Que reza a quantidade em amperes aferida
Numa mensuração fugaz,
Fato ou ato que leva à morte
Do homem em vida institucionalizada
Em prática
difusa.
A ciência institucional é o necrotério
Dos cientistas falecidos
Ou mortos em vida venal
Graças a uma vaidade banal
Que o deixa cegos
Tal qual sansão de Dalila
Por Dalila entregue aos inimigos figadais.
Berna Reale , artista de performance
De Belém do Pará,
Para lá e para cá,
No balouço do balanço,
comunga comigo
Algumas idéias mantidas pilhadas
Pelo autêntico claro-escuro
De Leonardo da Vinci,
Técnica “sfumato”,
E Michelângelo Caravaggio
Que meche com ângelus
E vira a cara que vira
ao vagido vago,
vacante
Que ouço pelo osso de toque
Do ouvido batendo o martelo
No leilão para Leila
Arrematar arte
e arremeter-se em
marteladas
para pronunciar o sonido da bigorna.
( U’a “filosofia a
marteladas” proposta por Nietzsche,
Pura dinamite
Era esse Filósofo com “pathos” trágico,
Que quase tragou o mundo cultural
Com sua potente
vontade de poder em vórtice
Que leva as enxurradas de
cambulhada ).
- Berna, que não do berne é mosca,
Morta ou viva,
Assim como Mamon das moscas não é divindade,
Sendo a divindade uma dádiva
- A dádiva do fungo que
dá a beber o vinho
Ao homem no sangue de Cristo,
Que depois sangra em cálice
E dá mote ao vampiro cristão,
Ao sexo, ao filho que veio em Emanuel
E em Emmanuelle ,
que poderia ser a protagonista
De cenas eróticas “soft core”,
Mas teima em não-ser, neste caso,
E outros ritos hierogâmicos
Que vêm desde onde em Babilônia me achei
Por sôbolos rios,
afluentes de
Camões...
Berna, nobilíssima amazona,
Lança-se a galope no cavalo escarlate
a cavaleiro do rubro sanguinário
que pintalga o lábaro do estado ,
erguido no estrado
e no arrebol.
O estado, este ente dito
maldito,
Sob o qual retorcemos como vermes,
Dolorosamente torturados
Por sua farsa
Que posa como direito
teso em tese
Quando, o que é, de
fato,
Um direito de todo torto e fractal
no tordo que tarda na tarde
repatriando escravidão, amotinando suseranos, condes,
barões, em nada
assinalados, cajados, grilhões
aos milhões de
dólares...:
o estado tem o direito
de protagonizar o deus Mamon
com dólar e tudo o
que não é do lar,
mas do larápio no pio
do Papa Pio XII,
de besta sem três seis
a angariar votos.
Amazona que é, ela vai ,
Em seu élan,
a montante do estado,
o qual titubeia num tatibitate à jusante,
de onde vem sobre o sabre
do cavalo vermelho
dado à cor pelos eritrócitos...
tinta tirada ao sangue
dos inúmeros que ficaram
sem ao menos um número
e uma cruz cristã
sobre uma cova no caminho
que não leva ao vinho do sangue...
( Quem quiser que
cante
Ou pinte na canção
A boiar pelo riacho em pelo,
O qual acho um riacho
rumorejante
Lambendo seixos rumo às areias de fundo d’água
Com rubiáceas às orlas
que ali caminham ao
carmim
descalças do Carmelo
Perto em latitude,
Porém longe
- na longitude de mim
Que me dou ao rubor
De empós a aurora
Em glória matutina
Matutando a matina...
Diáfana, translúcida...
De seda feminina,
Em seu flavor de flavonóides,
Bioflavonoides na flava lua!).
Ela, Berna, saiu para vencer
- e venceu! – a trica,
- Esta trica que é
E caracteriza a
sociedade humana,
Menor em ordem de beleza
que a ordem franciscana das abelhas e formigas,
ou a Ordem Mínima dos Bacillus e Cerevisiae...
porquanto no menos,
sinal aritmético,
eu vejo isso
E contabilizo os noves fora
Que foram dar ao fórum comum
E se encarapitar
eremita
ao conforto do foro
íntimo,
que nos guarda um couto
para evasão
na hora que o coração
não tolera tanta violação
sob a violeta
que viola a viola,
a qual evola trinados
evoluídos de versos puídos,
mas doídos,
dos tempos idos,
lidos, ledos...
- lodo no luto lotado ao lado
Lépido dos
lepdópteros.
Todavia tal trica,
Que é o corpo de baile social,
Antropológico, poli-policial,
Eivada de histórias mil
Das mil e uma noites
E mais que sejam
em fantasmas mentais
Contidos pela
imaterialidade da mente
A sobraçá-los nas formas,
Que são puros desenhos
Ou contornos de idéias
( idéias são desenhos da realidade
Em arquitetura geométrica:
A geometria é a gramática
Das linguagens espaciais ),
Que contam em traços
Com as figuras da geometria
Que são os fantasmas irreais realizados,
- donde vem para o ser humano
a realidade sonhada em
niquice
pela idealidade do cavalo branco
de Napoleão-Cristo
a Crisóstomo
ou outro de oratória a La grega.
- Berna, a amazona, saiu
a impor ou inflamar,
Até abraçar a brasa
Que recobra o escuro
no carvão,
A repisar numa performance,
A ditadura que está
nos cantos,
Nas sarjetas , oculta no óculo do direito,
- o direito que é mera nuga! ,
Uma nonada inominada
na religião
do batalhão de choque,
nica que, todavia,
pela via expressa
choca( joça) ninho e
nicho
E o lixo humanizado pela industrialização
Da fé e das fezes
Em festa “Cor Unum”
Do coração em canção
Do cotidiano pão.
Diz e pensa , a artista,
Comigo ( conosco) em
subjetividade,
Que nada está apenas na nica nanica,
Iname, inane, inerme,
Enfim, na frioleira da memória,
Mas vive e está a viger
No tempo em que estamos a ser
Não apenas como seres
mnenônicos
Ou canônicos,
Mas sobretudo apócrifos
Nesse feixe de histórias
Que se contam em bocas
E becas de palhaços
perfomáticos
Nos paços imperiais das coortes
Que são cortes na
realidade
Que é esta laranja ou toranja:
Palomo. Palomo
vermelho de mar vermelho
De sangue inocente
Sobre o qual lavou as mãos Pilatos
Conforme a forma de uma história
Que se julga única
Porque colhido no singular.
Ora! A história
singular
Só existe ungulada
Na pata, pelo passo e
pelo da besta,
As quais não aproam
no apocalipse :
Cai antes do arrebol
E da barca de Caronte
No caruncho que corrói o funcho
No que “está escrito”
Nos livros em geoglifos e petroglifos,
Na geometria com estrias dos fósseis,
Cuja leitura, literatura, exegese e cálculo integral
É pertença de literatos eruditos
E dos musicais matemáticos-algébricos
Que bebem-nos na poesia da vida,
Na história que são um acervo de histórias,
Todas juntas e simultâneas,
A se narrarem mente
dentro,
Mente fora
Até se enrolarem nos signos e símbolos
Das florestas com centauros
E policiais da poesia, da medicina, da ciência, do amor...
( Há que há políticas policialescas para tudo:
Tudo no tutu da milícia,
Que também chamam engajamento,
Que é quando os que se julgavam vestais
Se vêem no espelho d’água de Messalina
Graças a uma lágrima de Narciso descomposto...).
Estes os genuínos e geniais poetas-profetas.
De priscas eras e era atual:
Atuante no ato do autor ator
- atormentado pelo conhecimento
E pelo sabor do universo
Que lhe vem na baba :
Barbatimão! – na babugem...
- no quiriquiri da
quermesse
Aonde a polícia política
Quis lavar seu império tirânico
- troço que não troça
Com porretes à mão,
Bombas, balas, bombachas...
- A política é a gramática da violência,
A anti-violeta dos poetas eremitas
Que não se esconde dos homens
No homem que há em si,
Mas evita ou mitiga seu crime
Quando prende a fera
Dentro do labirinto :
Palácio do corpo humano,
Onde o Minotauro(minotauro) real vaga.
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