sexta-feira, 28 de outubro de 2011
CLAUDE MONET ( La Catedral de Rouen,Hôtel des Roches Noires, Trouville )
Uma língua em geóglifos
cantaria na ave...!
- está escrita no pássaro
canta na concepção melódica da ave ...:
e por essa música "geoglifada" na partitura avícola
descreve-a conceituando em genes
na forma do corpo anatômico e fisiológico
geométrico corpo
da ave concebida
quase sem pecado
não fosse a concepção geométrica do ser
que apaga o ente
Essa linguagem em geoglifos
- está escrita no poeta!
porquanto na alma do poeta
canta um idioma em geoglifos!
incrustado no espírito
nada santo
e paradoxalmente todo santo
se não se apegar aos fracionamentos
a revolver o homem em camadas sedimentares
dentro do poeta
o qual sobrevive no interior do homem
Todavia o homem
- o comum dos homens
não tem o poder de ler
em idioma geoglífico
graças aos seus apodos
anodos catodos geodos
e tropos : litote antonomásia
sinédoque hipérbole metonímia
metalepsia perífrase
- graças à Polímnia! :
Musa da retórica
- graças às três graças
e graças à sua graça na garça!
ó garça no paul
branca na vela da luz solar...:
- e graças à sua graça
"Stela" bela
- beta na manhã
alfa à noite
Um idioma em geóglifos
nem pode ser lido
em logos de homem
Somente pode ser ouvido
e lido na lida da escrita
naquele ato de poeta
no vidro da vida
- mas não na literatura do poeta!,
a qual dá à ciência
um pouco da esmola sapiencial
em vocábulos polifônicos
na terminologia de Goethe
Dostoievski-Modigliani
Chopin-Champollion
Platão-Planck
Euclides-Descartes
dentre outros poetas
oriundos do fundo
- do mais profundo
das várias línguas
que são linguagens
metafísicas ou matemáticas
cuja poesia
não pode ser escrita
pintada ou esculpida
senão na alma
do ornitorrinco e do ornitólogo
do macuco e do maluco
que é o homem
( - e somos nós!
poetas soterrados
por camadas geológicas da terra
no corpo e fora do corpo
ao montes nos montes
e pelos montes amontoados
em montanhas e serras e cordilheiras
vincadas pela escrita geoglifica do sol
que não lê em cuneiforme
nem tampouco em hieróglifos
grego copta
ou sânscrito dos sânscritos )
A língua geoglífica
haurida do cosmos
desce ao anjo natural
mensageiro dos poetas
porque tão-somente os poetas vitais
virais e vitalícios
e poetisas tais
( mais que tais! :
a mulher é muito mais vital-viral-vitalícia...)
têm acesso a ela
exposta em estela
ou quando amarela
na folha de outono
escrita ali
ou na asa da borboleta amarela
que passa pelo amarelo
o amarelo-canário ou ouro
pintado no espectro dos olhos
dos pintores impressionistas
à la Claude Monet
um poeta-vaga-lume de luz radiante
- ambiente
Contudo não podem escrevê-la
na sua poesia
os poetas
- mas apenas na sua alma!,
porquanto é um código
praticamente intraduzível em outro idioma
apenas passível de versão
em outra linguagem
ou outra língua
enfim, em língua-linguagem
para além de qualquer escrita para leitura e literatura
pois não está arraigada
no depois temporal do verbo
o qual inventa e emite
um tempo para inexistência do homem
- tempo para homem morto
que não tem mais tempo
junto às ervas verdejantes
esparsas nos passos dos caminhos plantados com os pés
A aventura de traduzir
tal língua em vernáculo
ou em qualquer outro código linguístico
ou de linguagem
é algo assim como fazer tradução
do galo para o francês
ou do francês ao galo
- da antiga Gália
onde vivia o gaulês
no geodo do corpo
escrito com genes
em um código de comunicação em geóglifos
- um dentre infinitos códigos de comunicação geoglífica
se há algum infinito
em linguagem matemática "algebricada"
que pensa o todo
e mais que o todo :
o infinito
e o nada
outrossim algebrizado
- o nada que denega tudo nos atos dos matemáticos
apóstolos dos poetas
e dos filósofos na nadificação
- do nado ao nada
( e do nada ao nado?!... )
sábado, 22 de outubro de 2011
PÁSSARO ( wikcionario wiki wik dicionario wiki etimologia enciclopedico teologico onomastico etimologico )
Ouço um pássaro
Cujo clamor
Emite um comunicado
Que urge atender
Parece pungente
Ou apenas ouço assim
Pelo que é doloroso
No espinho espetado no espírito
Pela língua em lança
Numa palavra
Lançada
Ao encontro do atrito do ar
Não vejo a ave
Apenas vejo a pena
Que sinto dela
Sabedor pelo sentido auditivo
Que é ave
Na emissão de voz
Chamando
Ao longo do voo
Em solitude pelo céu
Com mel ou fel
( feldspato! :
Seria um pato!
A voar no ar
E pelo ar
Sinto a pena
Na pena que sinto
No bater do ritmo
Aritmético
No meu ouvido
Sem mel
Mas com cera
De abelha
Que não está em mim
E está sim
No fenômeno
Que acha um meio
De entrar em mim
Enquanto objeto
Que passa pela subjetividade
Plantado dentro
Vegetativo e em sistema binário
Ou ternário na dialética
- sinto pela pena que tenho
A pena na ave
Alma penada
Que não é alma-de-gato
Nem tampouco ave sem pena
Ou cumprindo pena
Tipificada no código penal
Livro de pena
- obra de dor
E de dar dó
Do dó descompassado
Do ser humano
Não tão-somente do que cumpre a pena
Porém muito mais
De quem aplica a pena
E dos que a fazem cumprir
Porquanto uma pena
Mesmo a mais justa
É comprida demais para um homem
Mais comprida para a vítima
E cumprida não só pelo indivíduo
Que perpetrou o crime
Porém por toda a comunidade
Passando pelo meio do direito
E entre as águas
Que separam o policial do juiz
Que unidos
Fazem o judiciário ser )
A ave que ouvi
Pelo som emitido
Em pleno voo
foi percebida
Pelo alarido
Sua solitude
enfatizava a voz
dava-lhe ritmo e melodia
ao canto lamuriento
perpessado com o frio da solidão
que fere exclusivamente o homem
que a lança ao pássaro
do qual tem uma visão formal
na ideia universal
da ave ideal
a navegar no ar
junto às ondas de som
e outras funções elétricas
magnéticas e mecânicas
enfim, outras realidades físicas
e químicas
- e ciências ainda veladas
Em luz e trevas
Silêncio e rumor
O pássaro ouvido
Ouvi e não ouço mais
No som que vem em carrilhão
No ouvido atuante no tempo
( no ouvido enquanto ator temporal )
Todavia embora não ouça
No tempo agora
- agora escrito
Ou no tempo em que escrevo
Que é neste instante
Na última letra da palavra
Aqui posta em ser
Para expressar o ser
Que é o que homem vê
Sente com todos os sentidos
pois o põe e o conhece
Reconhece
Como se reconhece o homem
Na fotografia...
A ave ouvida
Não escuto mais
Com os ouvidos no tempo
Que é hoje e agora
Na hora da hora
Ou antes disso
No minuto do minuto
( ou da minuta?!... )
E antes do minuto
No segundo do segundo
Mais : antes do segundo do segundo
E do que se segue
Em rumo incerto
- inserto no infinito?!
A ave misteriosa
Coberta nas penas
Não ouço mais
Fora de mim
- No entanto
Dentro de mim
Ouça-a agora mesmo!
- no claro de seu clarim!