quarta-feira, 26 de setembro de 2012

SOMBRIAS - wikcionário verbete léxico etimologia


Era natal.
Morava então em uma casa grande e velha...
- Amo habitar os extensos sobrados
que não sobram
em sombras sóbrias
nem tampouco em porões sombrios com assombrações
- mui sombrias!
e à sombra dos sótãos
sobranceiros...

Natal.

Não morava na Morávia :
morava em morada enamorada do natal
sob a estrela da noite
que rasgava todo véu negro
dentro da alma da criança.

Foi pelos idos do natal.
Meu filho orçava então
pelos dois anos
e ganhara uma metralhadora de brinquedo ( óbvio! )
que emitia um som algo cantante
e uma luz rutilante.
Pu-lo ao colo e fui rua fora
até a casa de mãe.
Irradiava  o pequenino
uma alegria contagiante
- protegido por uma armadura de cavaleiro medieval
zelosa no mantenimento daquela felicidade perfeita,
rotunda,
sem barafunda,
do menino
sob meus auspícios,
armado cavaleiro, tamanho meu exagero
no zelo.

Também eu,

que não morava em Belém,
naquela noite de Jesus-menino,
a qual cintilava na estrela
que era a alma do meu menino...,
- eu também!,
naquela noite feliz,
fora consagrado cavaleiro templário,
mais um  Pobre Cavaleiro de Cristo!,
pelo Rei de Copas,
herói arquetípico,
arcano.

O rasto desse menino feliz
e seu pai alvoraçado
pode ser rastreado no pó
de algum arcanjo de esquina
bêbado num bar
a dialogar com o poeta
Verlaine em seu paul
- até dar com a face ao rés do chão! :
Ébrio.
Descaído.

Aquele rastro nunca será apagado
da face da terra :
- é raiz eterna no chão plantada!
Radical do chão
eterno
porque Deus andou por cima dele
- daquele solo sagrado!
como o faz toda criança
sobre sapatos e sandálias de adulto
- pé no chão
cabeça nas nuvens do chapéu.
Nefelibata.

Natal.
Um menino-Jesus
e uma menina-Jesus
inclinavam-se sobre um presépio
onde não estava Jesus em menino
que fugira para o Egito
consoante o oráculo do profeta
registrado pela crônica
na expressão do afresco de Giotto
que capta a travessia
do filho indo para aonde o pai chamara.
( "Do Egito chamei o meu filho",
vaticinou o profeta ).

 
 
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

PREPONDERÂNCIA - etimologia léxico verbete



A matemática é uma linguagem com gramática específica; enfim,  apresenta uma norma culta, cujo escopo é o de se comunicar com a natureza ( desiderato, anelo ), dando ordens, ordenando o universo mental, intelectual,  por meio de equações, cálculos integrais, diferenciais, análise combinatórias e outras expressões fundamentadas e demonstrada em teoremas, postulados, axiomas, proposições, etc.; com razão suficiente?! : princípio onde se funda a âncora da ciência. A ciência, a filosofia, a linguagem e a língua se fia todas neste princípio fundante da metafísica, que é de onde provêm a física, enquanto ciência, conhecimento, erudição.
Por ser linguagem,  cujo objetivo precípuo é  comunicar-se com a natureza,  utilizando como ponte ou canal de comunicação os cérebros humanos ( pontilhões)  treinados até o virtuosismo para a tarefa, via escrita e leitura, as expressões aritméticas  vem a prescindir de vocalização ; logo,  as vogais gregas, evidentemente, outrossim, as consoantes,  utilizadas no seu linguajar estrito-escrito da linguagem matemática, funcionam como símbolos, jamais como signos que, necessariamente, não o são, nem de fato e nem tampouco de direito, porquanto as linguagens matemáticas não recorrem à pronúncia, prosódia, ambas originárias da  fonética.
A matemática, uma linguagem no bojo de varias linguagens, sanduichadas na língua, não se foca no horizonte da prosa literária ou dramática, como sói no uso da língua, senão raramente, podendo, pois,  quedar-se no mutismo, vez que são feitas apenas para a escrita e a leitura de matemáticos, exclusivamente para a leitura e escrita, tal qual dizia Otto Maria Carpeaux, referindo-se a Hamlet de Shakespeare, que dizia ser obra para leitura e não para representação, devido à sua profundidade e beleza inacessíveis ao olho e ouvidos humanos, o mesmo se dando com a Nona Sinfonia de Beethoven, que prescinde de ouvidos falhos, ainda que absolutos e podem ser "escutadas" ou "ouvidas" dentro do cérebro, de forma pura, ideal, tocando as idéias de Platão, um universo para dentro do homem em concavidade profunda.
Os matemáticos, pois,  homens que se alienam do homem nesta profissão de fé, especialistas, estão, portanto, como quem lê Hamlet e escuta a Nona Sinfonia, no "escurinho" das ideias,  aptos para ler e escrever na 'pauta" musical da matemática, a qual não é um código linguístico propriamente dito, porém um código de linguagem, semiótico,  também, semiológico,  esotérico, não acessível ao leigo, cifrado, criptografado a olho nu. Uma griptografia cujo conteúdo de comunicação são símbolos  ( os signos ou letras gregas sem função linguística, porém sim função matemática), além dos sinais: sinal de mais ( soma) , menos
 ( subtração), multiplicação,  divisão,colchetes, igualdade, sinais para designar diferenças, ou para exprimir o maior o menor,
( maior que..., menor que ...), etc.
A língua, neste sentido, é exotérica, enquanto a linguagem ( há variações múltiplas de linguagens até no bojo de uma mesma linguagem) é esotérica. Endogamia e exogamia seria uma metáfora antropológica, etnológica, boa para tentar exprimir as relações abertas ao vulgo ou fechadas num jargão comunitário.
Esse aparente  descaso em relação à fonética, na matemática, lembra a mesma atitude do hebreu ante a pronúncia do nome sagrado de Deus que, em hebraico, era escrito apenas com consoantes e, destarte, tornava proibitiva a fala, que é o canto, a vocalização, a entonação, do nome sacrossanto de Deus,  Jeová,  Javé, o qual ficava guardada num profundo e misterioso, respeitoso, temeroso silêncio, nunca interrompido, jamais rompido. Quiçá tenha uma pitada desse hábito religioso hebraico no quase silente, silencioso "alfabeto" matemático-algébrico-aritmético constituído de signos gregos que cumprem função de símbolos, - símbolos contextualizados para linguagem  matemática. Talvez seja isto : uma reminiscência das consoantes que não deixavam voz ( vogais) para pronunciar um temerário "Javé", mas sim emitir um respeitoso e temeroso "Adonai". Isto pode ser objeto gratuito de especulação ;  especular, inobstante,  sem entrar em transe com viagens mirabolantes, cerebrinas, na companhia de nefelibatas inveterados, contumazes.
O idioma não somente pressupõe uma gramática, mas é também uma semiologia ou semiótica, pois se vale de um  vasto código de comunicação : vestuário,  gestual, expressões faciais, tatibitates, cacofonias, danças, andanças, muxôxos, caras-e-bocas e de uma infinidade em finitude de signos e símbolos, com predominância ou prepoderância dos signos ; enfim, uma gama de expressões, um vasto repertório de linguagens que, coladas, em colagem, possibilitam a expressão de ideias, fatos, pensamentos ou qualquer tipo de comunicação de várias maneiras, em um número enorme de linguagens e às vezes até envoltas em formas contrapontísticas, paradoxais, antitéticas.
As linguagens, por seu turno, se restringem aos seus objetos e são essenciais à prática e práxis  da ciência, considerando que prática e práxis tenha seus senões conceptuais, como modo de comunicação do objetivo ou finalidade divergente ou próxima à discrepância irreparável, irreconciliável, caso a caso.
A física, a química, usam quase a mesma linguagem matemática; no entanto, a química, por seu objeto diferente da física, se utiliza  da geometria e da geodésia de uma forma diferente da física, pois seus objetos não são o mesmos, porquanto não são duas ciências ( não existem duas ciências), entretanto são duas ou mais linguagens a se exprimir sobre o objeto em foco. Outrossim, os objetos são dois, ou uma gama infindável deles, assim como de linguagens para expressá-lo e nomeá-los, cada  um para cada linguagem destrinchar, placidamente, conforme a inteligência que se declina sobre os objetos e domina suas diversificadas.
A ciência, por linguagens diferentes e refinadas para determinar objetos de estudos, têm em mira objetos diversos, o que dá a ilusão que temos mais de uma ciência, quando o que temos é a mesma ciência, com uma linguagem específica para cada forma de objeto, utilizando-se de modificações sutis na linguagem matemática, geométrica, geodésica, etc, a fim de se coadunar-se com o objeto enfocado.
A ciência se desdobra em objetos, porém não em objetos e ciências, pois não há ciências, mas uma única e una observadora do ser ; -  do ser, outrossim, uno, todo (pan),  na certidão lavrada por Parmênides, o eleata; o que há, além da pluralidade de objetos, são as linguagens para exprimir e estudar os respectivos objetos e as filosofias, as quais são  partidas por lote de cérebros e tempos escritos : história. As filosofias, sem embargo, são tantas quanto as subjetividades, assim como as artes, a poesia eterna, furtada, furtivamente!, da mente de Deus.

 

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terça-feira, 18 de setembro de 2012

EXECRAÇÃO - lexicografia


O Brasil é um estado de fato, isto é fato, porém não um estado de direito,  com aparato legal, legítimo; isto não é, nem tampouco  pode ser, pois não tem povo ativo na cultura e qualificado pela educação para conceber e exercer o direito, nem sequer se formou aqui uma elite genuína. Somos subjugados por uma elite espúria que, de elite, só tem a pecha, graças à sua superioridade política e, concomitantemente, econômica, fundadas, ambos, no crime. De fato e de direito, não constitui-se numa escol propriamente dita, mas de uma escória de arrivistas que, num dado momento,  de jogos de dados, no Cassino  da história truncada do estado, tomou de assalto o poder e passou a comandar e a assegurar a sua hegemonia com seu inúmeros crimes.
É um estado de senhores domésticos,  o Brasil, um estado doméstico, uma empresa ou casa daqueles que dividem os três poderes da República entre seus grupos : os grupos do executivo, os agrupamentos do legislativo e , por fim, os homens agregados ao poder judiciário ou judicante,  cada um dos aparatos de poder sendo mais mais importante e útil para a  outra instância do outro poder que,  qualquer um dos três,  ou o trio (assombro!)  junto  para a população abandonada a vegetar sem a assistência de nenhum poder, senão for poder para encarcerá-los ou esquartejá-los tal qual se fez com o alferes Tiradentes, que acabou agonizante na forca, no patíbulo. O pobre paga com a vida, a tortura e a execração pública qualquer pequeno delito que cometa ou caso venha ousar a reivindicar qualquer direito político ou econômico, porquanto tais reivindicações despertam uma fúria desproporcional.
Sendo, como o é, este país da Vera Cruz ( de fato! : a verdadeira cruz está aqui, neste país, às espáduas de seus cidadãos em cidadania, senão a fictícia) , um estado de fato, estado doméstico,  sua política e economia..., enfim, tudo o que o estado provê, não é para o povo deste país, porém para os senhores locados e galgados aos poderes, que, por sua vez, obedecem àqueles cuja incumbência é  a de  financiar os poderes, os quais são, a saber : os grandes empresários e as Ciclópicas Corporações nativas ou alienígenas; outrossim, as Igrejas, os donos dos meios de comunicação, etc., mandantes ou mandatários de fato, que ordenam o que trazem do "Ordenamento Jurídico" e outras leis assim"afonsinas": "Ordenações Afonsinas".
Os três poderes não funcionam senão na lógica e logística doméstica, reinante na velha Casa Grande simbólica, alegórica, que nunca sai do meio do caminho ( meio do cainho tombado pelo poeta Drummond, em "Minas não há mais...") , nem tampouco de dentro do sapato que colheu uma pedra na metade do caminho ínvio, tortuoso, escuro de Dante, o cantor do inferno. Boca de fogo ou forno. Para o povo, não obstante, esses poderes não tem função alguma ( só se for função zeta!), excepto para punir com rigor e coibir os mínimos passos dos pobres eleitores,  que elegeram quem lhes toma o dinheiro e bate-lhes com as varas da Justiça. Que justiça!
Os três poderes de fato são harmônicos, de uma harmonia paradigmática,  raro observar desentendimento entre eles, pois um "lava a mão do outro" e assim fica tudo em casa, na Casa Grande, sem conflitos. Para o pobre despudorado a senzala nas favelas e o pelourinho ( hoje no corpo espinhoso da lei-ouriço ) é a lei vigente na carne viva, em chagas, após os açoites impiedosos, o exercício pleno da crueldade, que marca este estado sem direito para a maioria absoluta da população, ainda tratada  como escravos nas Casas Grandes dos Três Poderes, que podem tudo contra a população escravizada, reduzida a animais de carga.os poderes agem como se não houvessem abolida a escravidão neste país para escravos, eufemisticamente denominados de proletários e outros nomes para o lúmpen-proletariado. eufemismos que ocultam os fatos atrás do direito que não é para todos, mas para inglês ler e maravilhar-se.
No que tange aos empresários onerados com fortunas de tributos pesados, tudo não passa de um mito, que não entra em modo de  rito, senão no carnaval, mas apenas em fantasias e alegorias de Escolas de Samba, com seus enredos dóceis, inofensivos, fingindo na ginga e no canto que tudo vai bem demais neste país dos carnavais e marchinhas. Quem paga tudo é o povo, os desvalidos, os miseráveis de Vitor Hugo.
Os empresários sonegam, mormente os grandes, enquanto a lei fecha o olho e dorme o sono dos justos, pois os donos das empresas, em geral, são filhos da casa, da casa Grande, ou apaniguados, e têm informações privilegiadas, pois o estado é do pai, tios, parentes, enfim, dos amigos do peito. Por ter o bizarro  direito à sonegação,  não se preocupam com a corrupção, que até os beneficia, pois, em geral, estão no esquema dos processos licitatórios, e o dinheiro perdido com a sonegação é dinheiro do povo, porquanto sendo alguns dos principais tributos deste estado, tributos indiretos,  não oneram as  empresas, que os recolhe para repassar ao governo, mas antes disso,  quando o repasse ocorre, o que nem sempre é certo, são utilizados como investimento às empresas, pelo menos pelo tempo que estão no poder dos empresários.
Os empresários não pagam certos impostos;  logo, quem os paga é a população, que é furtada, ludibriada por brechas abertas de propósito no direito, que, num estado que não reconhece o direito a todos, mas somente a alguns, aos quais é estendido todo  direito ( um direito doméstico, concernente a alguns indivíduos, mas não extensivo ao estado, senão quando conveniente) é o povo quem se encarrega de todo o pagamento, de sustentar a sociedade, seus luxos e ociosos.
O povo, que, por sua ignorância, não podem ter dignidade e se vendem mais barato que qualquer pobre prostituta, não têm instrução suficiente para entender o processo criminoso que se monta contra eles e que eles, os homens do povo, e as mulheres, sustentam, principalmente votando nas mesmas pessoas, eleitas somente para dilapidar o patriminônio e os recurso que entram no erário e saem nas mãos dos mágicos políticos e prestidigitadores habilíssimos.
A população é educada e cresce dentro de uma cultura ( conjunto de valores e artefatos, etc.) que os faz indigentes, intelectual e fisicamente, ignorantes,  ineptos para ler a realidade e  os complôs políticos, e , destarte, são alijados de qualquer processo social ou consciente; e sendo esta população constituídas precipuamente  destas pessoas tornadas inócuas,  que formam a esmagadora maioria dos eleitores, que elegem e parecem legitimar sempre os mesmos candidatos, as mesmas atitudes criminosas dos corruptos e corruptores, quer os meios de comunicação esclareça ou não que os candidatos cometeram ilícitos. Os miseráveis  ( sem pai : sem Vitor Hugo) acham normal que os ricos candidatos fiquem ricos assaltando feito bandoleiros e piratas o erário, pois têm atavicamente o hábito de crer que a a casa, a Casa Grande , que abriga os Três poderes, pertence por direito inalienável aos eleitos, porquanto este modo de  pensar está impregnado nos costumes,  consubstanciado, arraigado, atávico ( é um atavismo avoengo! ), e é parte da integrante da cultura do miserável, que no Brasil, é o principal  eleitor destes políticos que estão aí há anos sem fim, perpétuos no poder, vitalícios.Inevitáveis.
As pessoas instruídas, na terra de Pindorama, do pau-brasil, o pau em brasa, na metáfora para o vermelho-fogo,  não elegem senão um minimo de políticos, e assim são lesadas pelo poder público, que se aproveita da empatia que um corrupto ocasiona em outro corrupto ou no corruptor : esta a relação do povo analfabeto e miserável com  maioria sempre eleita neste país de mandatos eternos, apenas trocando de governador para deputado ou senador, e outros cargos de favores ou por eleição.
De mais a mais, lamentavelmente, as pessoas que não votam nestes políticos em círculos vicioso, são a classe média que, por seu turno, não é uma classe única, mas possui variegadas segmentos ; classe média baixa, alta, média-média ( que vai de Medeia a Medusa ) e cuja maioria, em torno de 60%, (no mínimo!),  é constituída de analfabetos funcionais ou virtuais, além de muitos indivíduos serem afetados pelo atavismo recorrente, de onde emerge o pernóstico com o ranço que sempre estraga o pensamento das pessoas aqui, as quais não tem paladar ou gosto algum, são insípidos e retrógradas e tendem, invariavelmente, a atender os ditames do costumes, dos péssimos costumes que aniquilam o agrupamento social deste país de tantos tolos e inúmeros tresloucados.


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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

REPRESENTAÇÃO - wikcionário verbete dicionário filosóofico


A matemática é uma linguagem descritiva do objeto; ela não fala com o objeto, nem de si, nem tampouco consigo mesma, mas apenas descreve o objeto "calada"( no bojo do teorema), sem emitir opinião, dogma,  ou analisar o objeto. É uma linguagem sem diálogo, em monólogo.
 Aliás, assim falam as linguagens da ciência, ou seja, as variegadas linguagens que caracterizam o objeto da ciência, que é una como a substância ou o ser e não várias ou "ciências" como pensa o vulgo e os cientistas atuais em sua carência ou ignorância epistemológica e ontológica, axiológica, filosófica, enfim. 
Tanto a química, a física, a antropologia, a sociologia, enfim, cada ramo da árvore da ciência, se apresenta ou apresenta o objeto travestido em uma das várias linguagens específicas da ciência, ciência esta que é uma, única, una e não várias "ciências", porém sim seus objetos e a linguagem usada na ciência para descrevê-la enquanto ciência debruçada sobre determinado objeto, sempre na forma de monólogo, ao contrário da filosofia que questiona e fala todo o tempo todo com seus objetos e mesmo com seus objetivos.
 A filosofia sobrevive do diálogo em seu estudo e mais especificamente da dialética, uma forma privilegiada de diálogo ou de estudo do objeto e do objetivo. A filosofia separa, porém não se cala sobre o objeto e sobre o objetivo e estabelece tal diálogo, na forma da dialética de Zeno de Eléia, o eleata,  todo o tempo. 
Aquilo que preenche ou é conteúdo de linguagens é o ser e o não-ser, o bem e o mal, o masculino e feminino, enfim, as polarizações, as quais estão extensas no espaço da realidade natural e sensível, no caso do ser ( ou um, número um, na matemática, aritmética, ou do primeiro átomo ou átomo de menor número ou massa atômica, na química, etc. ), e no espaço imaginário ou intelectivo, no caso do não-ser ou o número zero, numeral que exprime o negativo, o nada, a anti-matéria, na física quântica.
 São as polarizações entre o existente e inexistente, ou existência e essência ( conceitos medievos ), ficção e realidade, que fazem as linguagens e as movimenta "polarmente", pelos pólos ou em meio à tensão que preenche o espaço imaginário ou real entre o pólo positivo e o negativo, zero e o um ( numérico e não numérico ), o todo e o nada, etc.
Esse o motor e torque que move o espaço tenso ou em tensão, quer seja tensão natural, entre polaridade do imã ou elétrica, dentre outras, ou intelectuais, no cado do todo e do nada, meras concepções de fluído ou índole filosófica, em tropel. O ser, não obstante, é polifônico e não vem se esgotar nas polaridades; ultrapassa-as, não se quedam apenas naquele espaço do lugar-comum entre a polaridade positiva ( real, fática, natural, mundana, existente) e negativa (intelectual, imaginária, inexistente, em essência pura, sagrada ). 
De mais a mais, o ser ( multi-polarizado) é visto de vários modos e com muitos atributos que fazem aparentes modificações na essência da substância, que é imutável e eterna.
 O ser para o homem não é somente o que é dado pela realidade na relação com o fenômeno, mas o que o homem modifica no ser, mormente ao por o não-ser, que é nada, porém exercita a linguagem abstrata. 
Na realidade do pensamento humano o não-ser é outro ser posto, nema espécie de "anti-matéria", porquanto o pensamento do ser humano vive entre a realidade e a idealidade , o que existe e o que não existe, contrapondo o mundo num contraponto que dá no princípio do contraditório, o qual é essencial à compreensão do princípio da identidade e faz parte dele, constrói esse princípio desconstruindo-o, na filosofia do construtivismo, que é a forma que o ser acha de se por integralmente no mundo. 
O homem pensante cria no corpo do ser um objeto que ele, o ser, não possui como atributo, não concerne ao ser , mas ao homem pensante, ao modo de Zeno em meio ao paradoxo ou ao labirinto de paradoxos que fecha seu pensamento a toda rota de fuga ou saída honrosa, honorável, possível, passível.
 O ser e não-ser ( e similares), neste diálogo ou dialética, são dois elementos de linguagens, esteios das linguagens. A distinção entre o ser e o fenômeno está na origem do pensamento, que não pode observar o ser ( coisa-em-si) senão por instrumentos ( e portanto parte de uma observação dependente do objeto utilizado na técnica e conotação fraca ) e o ser enquanto dado manifestado no fenômeno, que dá um ser meio real e com outra metade irreal, surreal, em conotação forte, severa. o estudo filosófico do fenômeno é obra da fenomenologia. Outrossim, estão em opúsculos. O objeto da ciência é o ser em sua descrição exata, no conteúdo do que é exato em linguagens, porém não em realidade; na realidade não há exatidão, mas caos ; a exatidão é uma platonização ou um tipo platônico, uma forma de pensamento colocado no espaço e não de realidade, um sonho de realização, cm tendência à perfeição utópica, idílica, que pode ser observado na geometria ( nas miríades de geometrias em estudos ), com suas figuras imaginariamente perfeitas ou as formas perfeitas de Platão : as ideias. A perfeição em pensar, em esculpir figuras abstratas, basilares, representando ou postulando princípios do espaço com seus axiomas, corolários, escólios, proposições, juízos. O espaço e as idéias, ambos formas concomitantes, têm, outrossim, seus princípios. O objetivo da ciência é a técnica ou tecnologia, não realizar um estudo do ser, mas, principalmente, fazer o ser polar ou transformá-lo industrialmente, em artefato, que é outro ser, este da feitura do ser humano, dado em linguagens de equações e depois realizado pelo homem ( "homo faber") em matéria e energia, assim como os objetos geométricos são dados na mente com outro objeto e objetivo, modificados, em indústria, depois em escala industrial ; aliás, o objeto ou o ser construído ou desconstruído ( desconstrução), e o objetivo mudam conforme o ser venha a sofrer as mutações que a arte, o labor, a engenho e a habilidade do homem proporciona e põe em objeto inovador, que não prescinde de objetivo inédito. A inovação do objeto, do pragma, norteia outro caminho para o objetivo, que , senão, fica defasado, obsoleto, arcaico.
 No fenômeno o ser é representado, quer dizer, é apresentado desde o pretérito, ou no passado, e não está , pois, presente, no tempo, porém fora do tempo real, que é o presente : sem realidade ou existência, excepto a existência dos sentidos que o captam, os recolhem ou colhem no mundo das coisas. Daí, é representado tal qual a luz da estrela que vemos agora é representada, porque sua luminosidade vem de um passado remoto, e sua luz observada agora, viajou muito para chegar ao olho humano, na velocidade da luz. Quiçá, a estrela em foco nem exista mais, nem esteja mais emitindo. 
Aliás, todo ato de representar é um ato que remete ou se refere a tempo pretérito; logo, na representação não há presente, mas presença do ser que se remete ao passado remoto ou imediato com presença no pretérito, pois, enfim, o presente já é passado, quando chega à percepção humana, de ato a fato. Não o percebemos imediatamente, mas mediatamente, porquanto o tempo que se leva para compor o ato em fenômeno já constitui um tempo pretérito, como, aliás, dí-lo o prefixo "re"( para trás, no pretérito), que encetam palavras que exprimem o tempo passado ; senão vejamos: recuar, rever, requerer, repetir, representar ( tirar do passado ou pretérito e por no presente como presença do homem pensante, porém nunca como tempo presente, porque o presente mesmo não é nos dado conhecer, mas apenas vivê-lo e enquanto vivendo, existindo não há representação da vida em ato imediato, apenas é possível uma representação da memória de vida, no fato que deriva do ato.
 O presente vivido com o ser a percebê-lo imediatamente, ou a coisa-em-si, no sentido de linguagem filosófica, não existe, não há, é impossível, pois a percepção não acompanha a vida, que vem antes (pré), enquanto o pensamento vem posteriormente (re). Não há presença do ser em percepção, mas sim na vida. o ser é ausente no ato, porém pode ser representado no fato, como a luz da estrela cintilante que vemos hoje no céu, conquanto ela, a estrela, já tenha emitido tal luz há milhões de anos-luz.
 O fenômeno tem liame com a sensibilidade, que dá o ser representado, ou o não-ser, que se passa por ser, porquanto fora do presente não há ser presente, não há ser algum, mas apenas não-ser.
 O ser é, enquanto coisa em si, ou seja, coisa no homem, no tempo presente, algo vivido ou experenciado no homem e pelo homem, no tempo em que o homem atua, vive, existe; tempo vivo, vital, que pode e é vivido, no ato, porém não pode ser percebido : é imperceptível, não passa pelos sentidos, e tão-somente toma fumos de conhecimento, naquilo que não perceptivo, não sensível, ou seja, na apercepção do intelecto que, assim, outrossim, conhece a coisa em si, não no sentido kantiano, que mira a razão ou de Shopenhauer que atira na volição como ser em si. 
Trata-se de um ser pensado, não vivido; parte existente, parte essencial. o ser não está em presença senão da vida, a qual não percebemos; no entanto, refugiamos na apercepção intelectual para realizar esse ser, compô-lo de pensamento e de realidade mista, não fenomênica. Vivemos no presente, mas somente percebemos e experenciamos o mundo e o tempo como pretérito, no tempo passado para a memória, a qual cumula fatos, ou fabrica fatos conhecidos com o "material" ou os resquícios ou reminiscências dos atos vividos, pois é cumulativo.
 A coisa-em-si é um não-ser no fenômeno, algo em natureza que que não partilha a coisa com a sensibilidade, pois o ser sensível do homem não percebe, imperceptível que é a coisa, que é um ser em si, não para o outro, não para a percepção, mas para a apercepção intelectiva; porém a coisa percebida pelo intelecto em si ( intelecção coisa ou ser de intelecto ), tem expressão na imaginação, em parte, e em parte na razão, a.qual põe o quadrado e a raiz do quadrado : a quadrada, quádrupla, hermética em si como a coisa-em-si. 
 
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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

CORJAS - léxico lexicografia glossári etimologia eitmo wikcionário verbete

Quem é feliz,
filistéia,
cava um fosso
entre si e o mundo.
 Mas quem é feliz,
ó filistéia?!:
- A aléia!

Feliz quem opta por  viver em paz
consigo mesmo
a esmo no ermo de si
rumo à ermida
sanduichado entre o sol inclemente
( diferente de Alá,
que é clemente, misericordioso! ) 
e a areia fervilhante
a ferir a sandália
do monge andarilho
em trilho no brilho do sol
- puro estribilho de calor e luz! 
E com luar no ar suspenso
apenso no que penso
ao pensar as mazelas
da noite escura e gelada
no deserto das sombras e miragens.

 Quem é feliz,  
 filistéia, 
 o é apenas em solidão e solitude
de ambientes desérticos 
Impossível ser feliz com todos,
em comunidade,
ainda que em aldeias-fantasmas 
com infra-estrutura para eremitas,
ou com  qualquer outro ser
- quer seja a amada ou o abade!
Não há felicidade em companhia :
Nem na companhia de Navegação do São Francisco,
onde meu progenitor velejou e sopro o ar,
nem tampouco na Companhia de Jesus!

Quem quer ser feliz...
Oh! filistéia!... 
- cerca-se em uma floresta
tendo como entretenimento 
ler em mente, 
na tela mental,
longe do azáfama dos museus de mortos-vivos,
a pinacoteca de Cézanne
pintada a dedo de Deus.
Outrossim, não recebe ninguém,
nem por correspondência
porque quase todos são estúpidos
loucos sem o pão da poesia.
Assim age quem almeja ser feliz
por um triz e num breve momento 
de brisa tocando vela...
Todavia, malgrado a misantropia ,
quem anela por ser feliz,
filistéia, 
é bom anfitrião
para os raros humanos não cabalmente estultos
ainda não maculados pela peste endêmica,
epidêmica,
 que assola o homem :
esse infeliz fauno em zoológico
ou no papel alienado de zoólogo.

Quem é feliz,
filistéia atéia,
não recebe filisteu
nem tampouco filhos seus 
 com os filisteus!,
porquando usufruindo de plena paz 
com corpo e alma serenos
na paz da saúde benfazeja
e ligeira como o gato preto
que é a noite em tonalidade de visão.
Entrementes
 ser humano assim saudável
é visto na ótica do papalvo
como algo desconcertante,
anormal,
indecifrável, 
- uma aberração da natureza!,
pois num mundo humano em abalo sísmico
movido por espasmos epilépticos
síndromes de pânico
e tantos outros transtornos a distorcer  o homem
no monstro do espelho desfocado
levando-o  a ser o legado do mísero enfermo
trapo de corpo e alma rota
com o que restou de espírito
afetado pela  grande demência humana
- que é a estultícia perene
caduciforme 
precoce 
sintomática na pieguiçe pegajosa
porosa e indecorosa
sem a rosa no rosicler da alva
que enceta outro dia glorioso
para os que são felizes
tendo a mão da saúde 
a esculpir-lhe o corpo 
a alma e o espírito 
com mão e mente de Rodin
ou o escultor italiano Antônio Canova
 nas Três Graças
que se dançam
antes da dança
( Ah! a pieguiçe vem sempre a par com a estupidez
sua companheira necessária!
Sem embargo, temos as Três Graças
pares para dança
na leveza do ser de Nietzsche ).

Quem é feliz,
ó filistéia,
não precisa de felicidade
- a qual é um mero vocábulo
que não dá voz a nada
no ser humano disperso
em cantos e lamentações de profeta bíblico
em eterna diáspora.

Quem é feliz,
ó filistéia?! :
 A lampreia?!:
quando servida em cardápio para o homem
- esse glutão, insaciável,
de necessidades infindáveis
no dizer do "logos"de economistas 
os quais são os inventores da ciência do rico  
 e cujo colossal feito heróico,
titânico ( quase o Titanic à deriva... ),
foi o fato de levar ou elevar 
 as necessidades dos nababos ao infinito
( com nabos e...Que quiabos!, diabos )
para acordar com o espírito matemático
de  infinita abstração
para o inexistente numeral
que tão -somente existe
 sob a mente e a mão do homem
a grafar signos e símbolos
compondo as várias linguagens
sob gramáticas e semiologias
( Esses inventores de  ilusão
em seu pensamento mágico
 justificaram a riqueza de alguns homens de sorte,
meros arrivistas sem valor,
com o peso da mais-valia e do capital,
confundindo essa abastança irracional 
 com a riqueza das nações
quando de fato são a pobreza da humanidade
sem perspetiva filosofante,
ao modo da perspectiva desenhada em conceito
pelo  filósofo Marx
que desfez a ciência de rico,
( demônio assaz cruel,
voltada a face apenas para  opulentos),
perscrutando-a,
escrutinando-a,
superando-a com a crítica à alienação...
malgrado o filósofo em tela 
ter aventado o  regime doentio
do comunismo
- mais deletério ao homem
que o mais selvagem capitalismo! )

Quem é feliz,
filistéia,
sabe à colmeia e mel;
vive com corpo e mente sã
desintoxicado
 mercê de exercício para paz perene,
livre dos insanos,
dos  insumos, 
que trescalam odor de guerra e política
ao semear tais demônios capitais
( - todos em "caput!")
por onde vão deixando rastos
levando sua vanidade
nos genes e nos memes
- porquanto esta é sua  cruz romana
( ou filistéia?
- Dalila?!
que truz!...:
na onomatopéia do homem caído sob a cruz )

Quem é feliz,
filistéia,
não recebe o filisteu,
ó filistéia bela!
Contudo, quem sabe um filisteu
filho teu
ache o fio de Ariadne 
que permita fugir do labirinto da intolerância,
da religião, da política, da ciência...
labirinto por onde erra o minotauro 
- juiz, sacerdote e verdugo
de todos os aglomerados humanos 
aonde a intolerância é sempre-viva
no berço vegetal 
animal e mítico de Asterión, 
alçado ao céu,
em consonância com que escreveu Jorge Luis Borges,
com um véu
textual
velando o caminho da literatura
às corjas hostis à poesia e à vida.
 
Quem sabe,
ó filistéia,
a tolerância venha por fim,
enfim, 
- por meio de um filisteu?!